Até hoje o tema “suicídio” é considerado tabu em diversos meios e ambientes. Pessoas se assustam ao ouvir falar sobre isso, e aqueles que sofrem com angústias impensáveis ficam sem saída quando tentam buscar acolhimento e compreensão. Assim, é criado um espaço de silêncio, um buraco cujo centro, “aquele-que-não-pode-ser-abordado” acaba por atrair pessoas de todas as idades, cores e sexos que buscam não a morte, mas sim a extinção da dor.
O Setembro Amarelo é uma campanha de prevenção ao suicídio que busca lançar luz à essa temática. São realizadas várias ações para chamar atenção sobre o tema: palestras e seminários sobre suicídio informam a população; professores e educadores conversam sobre o assunto nas escolas; eventos temáticos juntam pessoas e promovem conexões; artigos e mais artigos são escritos, discussões fomentadas e conversas iniciadas… Tudo isso tem, no mínimo, um resultado claro: traz o assunto à tona, leva as pessoas a conversarem.
E uma boa
conversa tem muito valor! A conexão estabelecida entre os interlocutores pode
ser poderosa o suficiente para aliviar uma dor aguda e trazer de volta a
esperança há muito perdida. Ao falar
sobre suas dores, muitos fenômenos podem passar a acontecer com a pessoa que
sofre:
– Ao buscar frases e explicações para o que está sentindo, organiza as dores de
formas diferentes, podendo encontrar assim novos sentidos e compreensões;
– Ao notar a atenção que outra pessoa está lhe prestando, sente-se acolhida e
relevante;
– Ao estabelecer uma nova conexão com a outra pessoa, seu senso de valor é
alterado;
– Ao trocar experiências, sente-se compreendida e menos solitária, percebe que
não é a única;
– Ao receber o carinho da escuta, vivencia emoções positivas que podem servir
de combustível em épocas de completo esgotamento.
O acompanhamento profissional é fundamental. A depressão, pano de fundo para grande parte dos suicidas, é assunto sério e precisa ser tratada com respeito. É uma doença e precisa de tratamento psiquiátrico e psicológico. O psiquiatra trabalhará com medicamentos que agem nos processos químicos do organismo como um todo e do cérebro mais especificamente, e o psicólogo trabalhará com a conversa, proporcionando um espaço no qual toda a dor e o sofrimento podem ser expostos, acolhidos e elaborados. Ambas as terapias combinadas acabam por levar ao alívio do sofrimento e portanto a diminuição da ideação suicida.
Mas, se você não é um profissional da área, não pense que não há nada que você possa fazer! Coloque-se à disposição para conversar. Mostre-se aberto a proporcionar um gesto de carinho. Mostre que você se importa! Tenho certeza que seu ato será de grande valia.
E, se você é a pessoa que está sofrendo, saiba que você não está sozinho! Não tenha medo de procurar ajudas. Procure uma pessoa que você confie e aceite receber seu carinho. Procure um profissional que vá te ajudar a retomar o caminho da vida! Eu acredito que você pode e consegue!