Recentemente foi divulgada uma pesquisa realizada em 11 países (Brasil inclusive) sobre saúde mental e inteligência artificial nas organizações. Alguns resultados não surpreendem, como por exemplo: 2020 é o ano mais estressante da história, com 78% dos participantes dizendo que a pandemia afetou sua saúde mental.
Mas outros me espantaram: 68% dos participantes preferem falar sobre sua saúde mental com um robô em vez do seu gestor e 82% deles acreditam que robôs são melhores que humanos em proporcionar suporte à saúde mental!
Que? Fiquei de coração partido! Gente! E as conexões humanas? E o olhar, o carinho, a empatia, o acolhimento? E o interesse genuíno pelo outro? E a troca e o aprendizado mútuo?
Bem, o que esses resultados dizem?
Três razões justificam a preferência pelos robôs. Uma é que eles fornecem respostas rápidas às questões de saúde, mas hoje focarei nas outras duas: que eles proporcionam uma zona livre de julgamentos e que eles são imparciais.
Posso entender essas aflições. Não é nada fácil encontrar um ouvinte que verdadeiramente escute sem julgar o que está sendo dito ou a pessoa que está dizendo. Somos humanos, cheios de bagagens, emoções e opiniões. E, a menos que você tenha sido treinado para isso, é um pouco inevitável deixar transparecer esse tipo de coisa nas interações com outros humanos.
E como resolver?
– Ao escutar: durante a escuta, abra-se somente para o outro. Identifique os momentos que suas opiniões anuviam sua escuta, que sua bagagem pesa no seu discurso, que você tenta impor sua visão ou seus (pre)conceitos. E então esforce-se para eliminar tudo isso!
– Ao falar: dependendo do assunto que você quer abordar, escolha o ouvinte. Há quem possa te ajudar a resolver de forma pragmática, há quem possa acolher sua dor, há quem tenha ferramentas que você não tem. E lembre-se da bagagem que o outro carrega, dê um desconto para a subjetividade alheia.
Porque, no final do dia, queremos soluções rápidas e práticas para nossos problemas e nossas dores. Mas também queremos calor humano. Queremos o colorido das relações, o quentinho no coração – e isso robô nenhum pode dar!