“Saia da sua zona de conforto!”, “É preciso encontrar seu propósito de vida!”, “A felicidade está a seu alcance!” Quem nunca ouviu alguma dessas pérolas que atire o primeiro vídeo motivacional! Não vejo problema nas frases em si, mas sim em como elas vêm sendo utilizadas. A internet e a sociedade, através de alguns (ditos-)profissionais e da literatura de autoajuda, são especialistas em ditar uma série de atitudes tidas como fundamentais para se alcançar o sucesso, a satisfação, ou sei lá mais o que. E nós, reles mortais, ficamos atônitos diante de tantos afazeres.
Umas das coisas que mais me incomoda nesses profissionais e em seus manuais de autoajuda é o discurso falso motivador, que impõe regras e receitas sobre o que é felicidade, sucesso e realização pessoal ou profissional. Não raro recebo em meu consultório pessoas extremamente frustradas, ansiosas e/ou depressivas, sentindo-se incapazes e sem valor, porque não conseguem seguir a receita popular do “enquanto eles dormiam eu trabalhava” e outras máximas do tipo. Claro que não conseguem! São pessoas! Isso até pode funcionar para um ou outro, mas a tentativa de generalizar uma fórmula é superficial e desrespeitosa. Desrespeita a individualidade, a personalidade, as emoções, os medos, as dores e as motivações intrínsecas que estão diretamente relacionadas ao contexto histórico daquela pessoa em particular. Um monte de desrespeitos importantes, quando se preza a “cuidar” de outro ser humano.
Ninguém TEM QUE nada. Ninguém tem que querer assumir um determinado cargo, ninguém tem que querer ter tal coisa, ninguém tem que almejar determinado tipo de relacionamento, de corpo, de hobbies, de atividades, de vida! E mais: ninguém tem que ser feliz o tempo todo, estar bem o tempo todo, ter pensamentos positivos o tempo todo. Ninguém é robô auto programável, e a busca por esse padrão perfeito de estado de espírito e de vida só faz as pessoas perderem sua espontaneidade, sua autenticidade, sua liberdade e, a grosso modo, sua verdade pessoal, trazendo sofrimento e angústia.
Por isso, menos receitas e mais respeito se fazem necessários. Menos autoajuda e mais empatia. Menos fórmulas, mais possibilidades. No final das contas, mais amor, por favor! 😊