Dia desses passou pelas minhas redes sociais essa tirinha, ilustrando o poder libertador da fala. Não está tudo bem para o bonequinho que está no fundo do poço, mas quando encontra alguém disposto a lhe ouvir e começa a desabafar, as coisas se tornam mais leves. Sim, concordo plenamente com a afirmação de que “falar faz bem”. Quando colocamos para fora, somos obrigados a organizar sentimentos em palavras, e isso por si só já é de grande valia para uma compreensão diferente daquilo que nos aflige no momento.
Mas há mais do que isso na tirinha. Há um encontro! E são poucas as experiências psíquicas mais impactantes do que aquelas vividas em um encontro genuíno com outro ser humano. Não falo de encontro romântico (embora não se discuta o impacto emocional deles também!), e nem das interações cotidianas que acontecem no nosso dia a dia (embora sempre exista a possibilidade de surpresas muito positivas ali!). Falo do encontro que se dá quando uma pessoa se dispõe a verdadeiramente escutar a outra, e assim possibilitar que a outra exista. Falo do encontro que se dá quando há um respeito tão grande pela dor do outro, que ela naturalmente se encolhe.
Aquilo que você sente não é drama. Seja o que for, cada um dos sentimentos tem uma razão para existir – às vezes essa razão é bem óbvia, às vezes nem tanto. Há um caminho longo para a compreensão de tudo que nos acomete. Mas esse caminho só pode ser percorrido a partir do momento que a dor encontre espaço para vir ao mundo, sem ser menosprezada ou ignorada. Falar sobre nossos sentimentos (os ruins e os bons também!) é libertador – e se do outro lado houver uma pessoa disposta a ouvir de verdade, um encontro singular acontece. Um encontro de alma e coração, através do qual a existência no mundo se torna mais possível e suportável.