Quem é que nunca se perguntou para onde (e para quê) caminha a vida? A gente nasce, cresce, estuda, faz carreira (ou não), desenvolve relacionamentos (dos mais variados tipos e formas), acumula posses (concretas ou subjetivas), alcança um determinado patamar (diferente de pessoa para pessoa), e se pergunta: para que tudo isso? E agora? Essa pergunta pode chegar em diferentes momentos para diferentes pessoas. Seja na adolescência, quando tudo parece muito confuso, ou no início da vida adulta quando a nova geração luta para se estabelecer; seja na meia idade, quando as mudanças da vida levantam questionamentos inevitáveis, ou na idade avançada, quando o que passou é colocado em perspectiva.
Penso que não existe uma resposta certa. Não há caminho predeterminado, não há fórmula mágica, não há um lugar a que se chegar. Não é que “quando eu atingir tal coisa, serei feliz”. Não é que “isso ou aquilo será o responsável pela minha felicidade”.
Sob a minha ótica, o sentido da vida se dá no caminho. Se dá na construção diária. Se dá na possibilidade que cada um encontra de se colocar naquilo que está fazendo, seja o que for. Se dá no encontrar diário de pequenas alegrias e no gozo das satisfações mundanas. Se dá na esperança e na expectativa, e também na saudade e na certeza e se ter feito o melhor possível. Se dá na sensação de que a vida vale a pena de ser vivida. Se dá na criatividade individual que permite o desenvolvimento de recursos para enfrentar a vida. Porque a vida é dura mesmo, o dia a dia é cheio de pequenos e grandes desafios e dificuldades, tem medo, tem injustiça, tem decepção, tem fracasso. E tem também uma porção de coisas boas, sorrisos, momentos, alegrias, presentes, conexões, sabores e cores.
No final do dia, o que importa é colocar a cabeça no travesseiro sabendo que você fez o seu melhor, e com a certeza de que amanhã é outro dia, outra batalha, outro sentido. Como uma linha contínua, a vida segue, com seus altos e baixos eternos. Cabe a cada um, inspirados por Guimarães Rosa, achar sua felicidade em horinhas de descuido.