Carnaval quase acabando, é hora de tirar a fantasia e voltar à vida normal. Mas será que é mesmo preciso tirá-la?
Claro que não estou falando da fantasia literal, concreta, aquela colocada por cima da roupa (ou no lugar dela) e que serve não só para enfeitar mas também para passar uma mensagem sobre o que somos ou o que gostaríamos de ser – ou simplesmente o que está na moda naquele momento.
Falo das fantasias subjetivas, aquelas que incorporamos temporariamente em uma época carnavalesca na qual tudo (ou quase tudo) é permitido. Sem muita censura, há a libertação de alguns aspectos da personalidade que acabam sendo forçados a permancerem ocultos durante o ano todo.
Mas precisam mesmo permancerem ocultos?
Sim, certo controle dos impulsos e desejos é necessário para a vida produtiva em sociedade. Mas, como na maioria das coisas da vida, equilíbrio é a chave aqui. Também não é nada saudável viver em um controle rígido e autoritário de si mesmo, sem flexibilidade para perceber e aceitar todas aquelas características que estão próximas à superfície durante tempos de festa: descontração, excitação, brincadeiras, leveza, liberdade de pensamento, expressão e sentimento.
Na vida real, naquele espaço de tempo entre Carnaval e Ano Novo, é preciso assumir responsabilidades e seguir padrões. Também é preciso usar máscaras diversas, uma para cada momento da vida: no trabalho, em casa, na academia, na escola/faculdade/pós… Mas a essência não pode se perder. Não dá para simplesmente esquecer todos aqueles desejos e impulsos carnavalescos. É preciso reconhecê-los durante o ano todo, atendê-los dentro do possível e tolerar aquilo que precisa ser temporariamente suprimido.
É um jogo, jogo do nosso psiquismo, jogo da vida. Com uma boa dose de aceitação de si mesmo e muita tolerância e bom humor, eu diria que é o melhor jogo a ser jogado!